quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

É bom recordar - Por Paulo Afonso Marques

É BOM RECORDAR

Em primeiro lugar quero felicitá-los pelo excelente trabalho que estão a desenvolver e ao mesmo tempo agradecer toda a informação que nos vão dando da nossa terra.

É bom recordar os nomes dos locais e sítios, que já não lembrava, nomes de pessoas que não esqueci, mas algumas já não recordo o rosto; tento reconhecer nas fotos e nos vídeos, que devoro assim que aparecem.

Ainda foi à pouco tempo que tomei conhecimento deste espaço, mas agora é raro o dia que não faço uma visita.

Sou dos que saiu da Aldeia muito novo, tinha 11 anos, completei a primária e vim para Lisboa com toda a família e por cá fiquei.

Gostei de ter notícias do Luís Curto Dias, pensava que já tinha esquecido a nossa terra, ainda tinha menos idade quando deixou Aldeia. Toda a rapaziada do nosso ano "1948", uns mais cedo outros mais tarde procuraram outras terras para fazer as suas vidas e nesse tempo ainda nascia muita gente em Aldeia. Já não consigo recordar quantos rapazes e quantas raparigas nasceram no nosso ano, vou só lembrar mais alguns nomes:

O meu primo João Afonso, Luis "da tiAnaFraqueira", José Caria, Domingos Fraqueiro, Raúl Moita, Joaquim Camejo "da tiMariCameja" e Francisco Fernandes, neste momento não me ocorre mais nenhum nome, mas somos muitos mais, peço desculpa aos que não mencionei.

É bom recordar coisas da nossa infância, recordo as marteladas no ferro da forja do "tiCésar", que ficava perto da casa do meu avô (junto à casa grande) o som ouvia-se por toda a Aldeia. Recordo ao fim da tarde a chegada da camioneta da carreira, ainda guardo na minha memória o barulho que se ouvia na Aldeia quando a camioneta estava a subir a estrada até ao cemitério, largava-mos as nossas brincadeiras e lá íamos nós a correr rua abaixo mas ainda chegávamos primeiro. Assistíamos à manobra da inversão de marcha, víamos quem chegava e quem partia e ao recomeçar a sua marcha corria-mos atrás dela até que as nossas pernas o permitissem. Também recordo nas noites frias de inverno depois da Ceia, juntavam-se na nossa taberna meia dúzia de fregueses uns bebiam uns copos, outros jogavam às cartas ao Sete e Meio a rebuçados; era engraçado os rebuçados andavam de bolso em bolso de dia para dia, alguns já andavam com os papéis todos melados de andarem no bolso da jaqueta, à espera do serão seguinte.

Sobre a sugestão do António Camejo, também quero dar o meu contributo, concordo plenamente que D. Isabel Curto professora durante muitos anos na nossa terra merece um reconhecimento. Estava sempre disponível quando a procuravam para pedir uma informação, uma opinião ou um conselho e naqueles tempos não havia muitas pessoas na nossa Aldeia a quem recorrer. Também levei algumas réguadas, até o próprio filho o Manuel que fez a primária connosco era tratado da mesma forma, naquela época quase todos os professores recorriam a estes métodos, mas temos que reconhecer que foi uma excelente professora. Também a visitei aqui em Lisboa quando estava doente e falava com muito carinho das pessoas da Aldeia, que conhecia pelos próprios nomes.

Parabéns também para Os Tapori a Bombar, fui à BTL na FIL e gostei, muita gente jovem com garra para ir para ir em frente com este projecto.

UM ABRAÇO

Paulo Afonso Marques

Nascido em 18 de Junho de 1948 em Aldeia de Santa Margarida

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá Paulo Afonso Marques
Eu Luis Curto Dias,não me lembro de vc.Coisas da memória.Entra em contato comigo: curtodias@hotmail.com

Aguardo

Samuel Pereira disse...

Como jovem da nossa Aldeia, aprecio muito ler estas recordaçoes e histórias, que os menos jovens nos trazem.

Quanto ao grupo Os Tapori a Bombar so tenho que agradecer a presença, ficamos contentes que tenha gostado.

Abraços