Romaria da Senhora da Granja I

Realizou-se na passada segunda-feira, 24 de Março, mais uma romaria de Nossa Senhora da Granja. Trata-se, como todos sabem de uma romaria muito querida sobretudo pelas populações de Aldeia de Santa Margarida e de Proença-a-Velha, mas também da Bemposta, do Pedrógão de São Pedro, entre outras.

Logo de manhã, um pouco ao sabor da tradição da romaria, as pessoas lá foram rumando à ermida a pé, de carro, de mota e de bicicleta.

Cerca das 12.30 deu-se início à eucaristia que, mais uma vez, fez encher a capela. Uma ermida que, nestes dias, parece ser sempre demasiado pequena para receber tanta gente que ali se desloca na segunda-feira seguinte ao Domingo de Páscoa. A eucaristia, como habitualmente, foi concelebrada pelo nosso querido padre Luís Bernardo e pelo padre João.

No final, por volta das 13.30, saiu a procissão com as habituais três santas: Santa Luzia, Senhora da Granja e Senhora das Preces. A procissão, como sempre, fez o seu percurso à volta da ermida, com as bonitas oliveiras da quinta da Granja e Monsanto, ao longe, como pano de fundo.

Após esta procissão, sempre acompanhada pelos tradicionais cânticos em honra da Senhora da Granja, pudemos assistir a uma bonita despedida das santas que regressaram à capela enquanto era lançados para o ar confettis dourados e vermelhos.

De seguida, antes de a população ir “aconchegar a barriga”, assistiu-se ainda a uma actuação do Grupo de Bombos de Almaceda (Castelo Branco). Depois, e como é já tradição, os romeiros espalharam-se pelos campos em redor da ermida e, enquanto a aparelhagem contratada pelos romeiros de Proença-a-Velha debitada populares canções, foram partilhando os manjares trazidos de casa ou, então, adquiridos no próprio local, já que a Comissão de Festas de Aldeia de Santa Margarida, como é habitual, montou a sua barraquinha de comes e bebes.

Estes são momentos em que os romeiros aproveitam para conviver alegremente e partilhar, também, o farnel que põem sobre as toalhas estendidas nos campos verdes. Farnel ao qual, naturalmente, não pode nunca faltar o bom vinho, muitas vezes caseiro.

A tarde, mais uma vez, ficou marcada pelo salutar convívio entre os romeiros das duas freguesias vizinhas, ao contrário do que sucedia antigamente, em que as populações acabavam, quase sempre, em cenas de pancadaria. "Era o vinho, meu Deus, era o vinho...", já cantava o povo.

Depois de muito bem aconchegada a barriguinha e de bastante satisfeita a sede, os romeiros de Aldeia de Santa Margarida e os de Proença-a-Nova, acompanhados de adufes, concertinas e acordeões, juntaram-se à porta da ermida para, à vez, ir cantar à Senhora da Granja. O acto de adoração só ficou completado com a procissão em torno da ermida, enquanto se cantava, entre outros, os seguintes versos:

Nossa Senhora da Granja
Da Granja e da Granjinha
Chamai-me Vós afilhado
Qu'eu Vos chamarei Madrinha

Embora seja tradição pascal a realização de várias outras romarias na região de Idanha-a-Nova e Penamacor, como a da Senhora do Incenso, a romaria da Senhora da Granja ainda continua a levar à quinta da Granja muitos romeiros das freguesias vizinhas. Uma tradição que, quer os de Aldeia de Santa Margarida, quer os de Proença-a-Nova, não têm, felizmente, deixado morrer.

Para terminar o relato de mais este dia de romaria, ficam aqui algumas fotos da autoria do David Martins, para que quem não pôde ir (e para os que foram também) possa matar saudades desta festa que muito diz aos nossos conterrâneos de Aldeia de Santa Margarida.

Helder Robalo e David Martins