segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

D. Isabel Marcelo Curto - por P. João Caria Leitão

Deixo-vos um mail que muito me enche de satisfação, até por ser o primeiro contacto. E, também por isso, deixo um imenso bem haja ao Padre João Caria Leitão.

Bons amigos

Gostei muito que falassem da D.ª Isabel. Foi minha Professora durante dois anos: 3ª e 4ª classe.

Quanto a datas a minha memória vai esvanecendo-se no tempo. Depois de andar os dois primeiros anos em Proença-a-Velha com o Professor Filipe, fui a aprender juntamente com o meu Irmão António para a Aldeia, uma vez que tinha uma escola nova e também Professora residente: a Senhora Dª Isabel Marcelo Curto. Isto por volta de 1936. Ela já estaria a ensinar há um ano, pois, começava uma 2ª classe. O meu Irmão António foi para a 4ª com um pequeno grupo e eu para a 3ª, lembrando-me dos meus colegas: Celeste Curto. Manecas Morais, Joaquim Fernandes. Não sei se esqueci alguém. Talvez.

Admirei sempre muito a sua paciência e maneira de ensinar, pois, dar aulas a quatro classes ao mesmo tempo não será fácil. Bons tempos! Creio que na totalidade seríamos uns quarenta ou mais alunos. Uma vez que enveredei pelo ensino, confesso, que muito aprendi com o seu método.

Por duas vezes me deu algumas reguadas, mas não por motivos de aprendizagem.

Muitas vezes íamos para sua casa, principalmente na 4ª classe para nos fazer algumas revisões, apesar de já ter o seu filho Francisco que muitas vezes levava para a escola e com frequência andei com ele colo.

Também, algumas vezes fomos à sua residência para ouvir na telefonia, rara naqueles tempos, os teatros radiofónicas para crianças.

Muito interessada em todos os seus alunos, principalmente por aqueles que os Pais não enviavam à escola. Algumas vezes me enviou à procura dos faltosos, levando-lhes a multa que era de cinco escudos, hoje, dois cêntimos e meio. Muito dinheiro para aquela época, que era pouco mais ou menos o salário de um jornaleiro de sol a sol.

Não vou falar dos seus problemas, nem dos seus olhos rasos de lágrimas com que muitas vezes chegava às aulas. Sempre me pareceu a mulher forte, capaz de suportar todos os revezes.

Em Lisboa, já no após 25 de Abril de 1974, fui visitá-la a seu pedido e tivemos conversas longas… E num dia telefonou-me para lhe ir administrar a Santa Unção. Que serenidade! Faleceu poucos dias depois. Quando o seu corpo saiu de Lisboa lembro-me de ter encontrado o Joaquim Fernandes.

Creio que não era originária de Monsanto, mas talvez de Aldeia de João Pires. É questão de pesquisa.

Parece-me muito bem que se lhe faça uma homenagem ou talvez o nome de uma rua ou que a escola tenha o seu nome. Agora não tem alunos, mas talvez a sua memória seja um bom augúrio para o futuro, próximo ou longínquo.

Podem utilizar o que quiserem. Gosto muito do blogue.

Abraço amigo

Padre João Caria Leitão

1 comentário:

PMR_1332 disse...

Muito bom!!!
Um belo relato.

Mais uma grande pessoa que deve ser homenageada.


ABRAÇO ;)